quinta-feira, 23 de julho de 2009

EDUCAÇÃO OU EDUCACÃO?

Já não sei se quero continuar bebendo dessa cachaça chamada educação. estou cansado. estou por demais decepcionado.

domingo, 19 de julho de 2009

AVISO AO NAVEGANTES!!!


Os mesmos textos podem ser conferidos em http://www.homerolinhares.blogspot.com/ !!!!

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ADEUS À SENHORITA KRÊURIS


UM PEDAÇO DO SEU SER

Não quero mais sentir saudades de você.
O que eu quero mesmo é viver
ao seu lado os dias que me restam
nesta vida que já não presta
se não for pra lhe amar.

Não quero mais lhe telefonar
e planejar momentos passageiros
e ficar o dia inteiro
só sonhando com o que vem.
Senhorita, seu amor me convém

Como convém a um barco pelas ondas velejar.
Eu sou o barco e você é o mar.
Não quero sentir mais essa fome
Que sinto de gritar seu nome
E beber do seu olhar.

Acho que preciso de você
No meu dia-a-dia a todo instante.
Não quero mais ser o seu amante,
Eu quero ser doravante
Um pedaço do seu ser.

(Homero de Linhares /07.06.09)

Entre a pérola e o poeta!


O POETA E A PÉROLA

Quando eu tinha 10 anos e estava na quinta série, uma professora ordenou que eu lesse “A pérola”, de John Steinbeck. Eu era de família muito pobre e minha mãe disse que, se eu quisesse ler aquele livro, teria que vender picolé na rua para comprá-lo porque a gente não tinha nem comida em casa direito. Arrumei uma caixa de picolé velha emprestada e juntei o necessário para comprar o livro. Acontece que, quando eu fui comprar o livro na antiga Livraria Âncora, de Vitória, vi um livro que me chamou a atenção pela capa. Era um tal de Hermann Hesse. Comprei o livro errado. A professora brigou muito comigo e disse que, se eu não lesse a pérola, faria recuperação. Voltei às ruas para vender picolé e dessa vez comprei o livro de Steinbeck, mas li primeiro o de Hesse. Li um conto que me impressionou demais: O poeta. Era a história de um poeta chinês (Han Fook) que passou a sua vida na busca da perfeição do uso da palavra. Fiz o resumo de “A pérola”, mas pedi à professor que lesse o que eu havia escrito sobre “O poeta”. Ela se emocionou e disse que adotaria aquele livro nos anos posteriores.

Desde então eu não consegui mais parar de escrever. De trabalhos mal-remunerados, eu consegui estudar o que mais me encantava que era a busca da palavra. Da quinta série ao mestrado em Literatura foi uma longa caminhada, mas durante todo trajeto eu escrevi coisas que espantaram a mim mesmo. Se eu não fosse tão orgulhoso e defensor da liberdade de se escrever aquilo que se quer, muitos livros meus estariam sendo vendidos e lidos por aí. O problema é que eu nunca consegui aceitar que podassem minha escrita ou me dissessem o que eu precisava escrever. Por isso rejeitei convite da Maçonaria para divulgação de um livro meu, assim como não aceitei que pessoas que conheci, e que viraram prefeito, deputado, vereador, publicassem livros meus. A poesia para o poeta, a narrativa para o narrador, é um pleonasmo, mas é ainda hoje a procura da palavra que me move como havia dito Drummond, conforme descobri mais tarde.

Participei de duas coletâneas de poetas capixabas, lancei meu primeiro livro com recursos próprios em 1999. Deixei de participar de várias coletâneas por não admirar a qualidade do que era publicado, apesar dos nomes relevantes da sociedade capixaba. Benilson Pereira me disse certa vez que influência e acesso ao poder são mais importantes que talento. Nunca concordei com ele. Acho que, por isso, me limito a escrever. Tenho mais de 10 livros prontos: crônica, narrativas, críticas, poesia, análises, minha dissertação sobre Drummond, que me serviu de moeda no mestrado. Mas não consigo ver a escrita como moeda de troca e sim como terapia. Uma terapia que vicia e é paradoxalmente uma doença.

(David Bellmond / 19 de julho de 2009)





sábado, 4 de julho de 2009

DIFAMAÇÕES E CALÚNIAS NÃO PODEM SER REPARADAS POR INDENIZAÇÃO ALGUMA


A MÍDIA MATOU MICHAEL JACKSON

Li um artigo da autoria de Paulo Nassar (paulo_nassar@terra.com.br) no site do Terra, e faço dele as minhas palavras. Quem matou Michael Jackson foi a mídia. Desde que surgiu a polêmica sobre pedofilia que jornal, rádio, TV e internet não pararam de crucificá-lo. E na esteira das más notícias e difamações, a população acredita em tudo que ouve, lê sem precisar ver ou sem precisar da prova dos nove. Somaram-se às acusações as tantas transformações físicas por que passou o astro pop e já foi o bastante para que a voz do povo (é a voz de Deus?) desse o veredicto sobre as mentiras espalhadas nos meios de comunicação. Alguns dias depois da morte (também explorada 24 horas por dia, 7 dias por semana), aparece o suposto réu da acusação de pedofilia e afirma que foi tudo mentira. De que adianta agora, morto e quase sepultado o rei da música pop negra, saber que ele era ou não pedófilo? Antes mesmo do bondoso rapaz desmentir as acusações que mataram Michael aparecer em cena, a mídia (talvez com peso de consciência ou talvez mesmo porque não era possível deixar de explorar ao máximo aquele que representou a transformação da Black Music) se redime e anuncia a cada instante uma novidade sobre o “monstro-aberração-pedófilo” que conquistou o mundo com suas metonímias (roupas, sapatos, passos de danças e voz).

Você, por acaso nunca ouviu notícia de alguém que teve sua vida destruída por uma falsa acusação? No ano passado, uma aluna minha de 13 anos alegou que se encontrava comigo fora do horário de aula e obteve o crédito de pedagogas, diretora e alguns companheiros de trabalho. O mais incrível é que a aluna e a sua família não deram prosseguimento à acusação de “pedofilia consentida por ela” (isso na versão da pueril aluna) e continuou a ser minha aluna. Eu desejei que a escola desse continuidade aos procedimentos corretos nesses casos porque (afirmei isso com todas as palavras às pedagogas, à diretora e àqueles que duvidaram da minha defesa), se eu tivesse uma filha de 13 anos que tivesse sido seduzida por um homem de mais de 30 anos, eu não o processaria, eu preferiria matá-lo com minhas próprias mãos. Perdoem-me a ira contida na minha declaração. É que, diante de tanta injustiça e falta de representantes sérios da justiça, polícia ou coisa parecida, às vezes dá vontade de agir com difamadores da mesma forma como agem os personagens de histórias em quadrinhos.

Mas como a vida é real (não somos Wolverines, Justiceiros, Batmans ou Peter Pans), acabamos por engolir as injustiças desse mundo cão. No entanto acredito que, ainda hoje, se houver alguma piada sobre pedofilia, alguma pedagoga que tenha estado presente naquele triste episódio se lembrará de mim. Tornou-se evidente que a aluna inventara aquela história de encontro fora da sala de aula para se vingar de mim deposi de ser expulsa da sala de aula por não querer agir como pessoa cumpridora dos seus deveres num ambiente de educação (aliás esse é o comportamento mais comum em sala de aula atualmente e que, infelizmente, conta com a conivência de pedagogos mal instruídos e leitores distorcidos de Paulo Freire).



DESEJO E REPARAÇÃO

Vi no cinema recentemente um filme que retrata uma triste história de difamação que culminou com a destruição de duas pessoas que se amavam. Desejo e reparação, baseado no livro homônimo de Ian McEwan, conta a história de uma menina enciumada com o namoro de sua irmã mais velha e que vê na calúnia uma possibilidade de se vingar daquele a quem ela amava, apesar da diferença de idade entre ambos. A acusação feita pela garotinha dá ao jovem futuro médico a condenação aos campos de batalha numa guerra que o devora. Ao mesmo tempo em que condena também a sua amada, irmã mais velha da menina acusadora, à uma morte precoce e longe do homem a quem ela amava.

Aqui, longe da ficção, essas coisas também acontecem afinal a vida imita a arte e vice-versa. Recentemente, no Terminal de Carapina, uma funcionária do sistema Transcol foi assassinada e o primeiro acusado do caso foi um marido revoltado com o caso homossexual que sua esposa mantinha com a mulher assassinada. O caso foi explorado pelos jornais por vários dias. Veja parte de uma das manchetes na época:

“Um homem de 27 anos está sendo procurado pela polícia como o principal suspeito de ter mandado executar a cobradora Claudinéia Seruti, de 29 anos, no último domingo na Serra. Robson de Oliveira Couto, que já tem passagens pela polícia por formação de quadrilha e tentativa de homicídio, é marido de uma mulher com quem, segundo as investigações, a cobradora teria tido ou manteria um caso. Em agosto de 2008, após descobrir o relacionamento extraconjugal homossexual da mulher, Robson teria agredido Claudinéia, que prestou queixa à polícia. "Robson, com ciúmes, agrediu ela. Na audiência, ele tentou um acordo e Claudinéia não topou. Depois, ofereceu dinheiro para ela retirar o processo. Ela também não aceitou", contou o secretário Estadual de Segurança, Rodney Rocha Miranda. A amante de Claudinéia, que é testemunha nas investigações e por isso terá o nome mantido em sigilo, confirmou à polícia que mantinha um relacionamento com a vítima e que o marido teria a agredido e ameaçado por conta disso.”
(http://www.folhavitoria.com.br/site/?target=noticia&cid=0&ch=08d0d1f65e7a4e7856bab37efa6550dc&nid=108629)


Dois meses depois, a polícia descobre que o assassinato ocorrera por outro motivo diferente daquele notificado pela mídia: não havia nada de caso homossexual que provocasse a morte da pobre cobradora execrada pela opinião pública (apesar de morta) e nem era o rapaz cuja foto aparecera em todos os jornais o criminoso. E agora? Quem poderá reparar esses enganos? Não se pode consertar uma acusação leviana feita contra qualquer que seja o cidadão. Indenizações não limpam a mácula deixada na biografia do acusado. Assim foi com esse jovem e assim sempre será. Além disso, não há sequer uma mínima retratação por parte da impressa, que na época publicou a foto do suposto marido traído e da cobradora assassinada, morta por ser homossexual. Confira o texto publicado na internet:

“Uma surpresa ao final do inquérito policial sobre o assassinato da cobradora Claudinéia Seruti, 29 anos, em abril, no Terminal Rodoviário de Carapina, na Serra. A linha de investigação de que a morte seria um crime de mando, por um suposto relacionamento amoroso, foi abandonada. A elucidação contou com duas testemunhas oculares e imagens do circuito do terminal. O acusado de matar Claudinéia seria Bruno Jesus Oliveira, 22 anos. Segundo testemunhas, no dia do crime, o acusado se aproximou da entrada do terminal e disse que pularia a roleta. A cobradora falou que ele não pularia, e os dois discutiram. Após o bate-boca, Bruno pagou a passagem e entrou no terminal. Cerca de 40 segundos depois, o suspeito voltou a cabine onde estava Claudinéia e efetuou o disparo. O crime foi registrado pelas câmeras de monitoramento do terminal. Nas imagens, o acusado aparece entrando na cabine. Depois de atirar contra a vítima, o suspeito saiu correndo com a arma na mão. Bruno teria voltado ao local, enquanto Claudinéia era socorrida. Segundo o titular da Delegacia de Crimes Contra a Vida da Serra, Josafá da Silva, o acusado está preso desde o dia 27 de abril. Ele foi detido por policiais chefiados pelo delegado Danilo Bahiense, em Maringá, na Serra.
Bruno possui passagens pela polícia por roubos e furtos. Segundo o delegado Josafá da Silva, o caso foi encerrado somente depois que a hipótese de crime passional foi descartada. "Investigamos todas as possibilidades. O que nos levou ao Bruno foram duas testemunhas oculares", afirmou. Uma delas, além de assistir ao crime, gravou um vídeo no celular, em que o assassino aparece no local do crime enquanto a cobradora era socorrida.

12 de abril

A trocadora Claudinéia Seruti, 29 anos, foi assassinada com um tiro no coração dentro da guarita da roleta do Terminal de Carapina, na Serra. O crime aconteceu por volta das 23h30, a poucos minutos do fim do expediente de trabalho. O suspeito da morte fugiu levando alguns trocados do caixa de Claudinéia. O assassinato trouxe revolta entre funcionários do terminal e motoristas de ônibus, que chegaram a paralisar as atividades durante horas para protestar. Durante a investigação, a polícia prendeu Robson de Oliveira Couto, 27, suspeito de mandar assassinar a cobradora. Ele seria casado com uma amante de Claudinéia. Robson foi preso pois havia um mandado de prisão em aberto por uma tentativa de assassinato atribuído a ele.
(http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2009/06/103547-reviravolta+no+caso+da+cobradora+morta+em+terminal.html)


VIDA LONGA À MÍDIA, À DEMOCRACIA, À JUSTIÇA HUMANA E SEUS REPRESENTANTES.

(David Belllmond / 04 de julho de 2009)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

EIS A POESIA (6)

ESPERANDO POR MIM

Acho que você não percebeu
Que o meu sorriso era sincero.
Sou tão cínico às vezes,
O tempo todo estou tentando me defender.

Diga o que disserem,
O mal do século é a solidão.
Cada um de nós imerso
em sua própria arrogância
Esperando por um pouco de atenção.

Hoje não estava nada bem,
mas a tempestade me distrai.
Gosto dos pingos de chuva,
dos relâmpagos e dos trovões
E é de noite que tudo faz sentido.
No silêncio eu não ouço meus gritos.

(Renato Russo)

EIS A POESIA (7)

MINHA DESGRAÇA

Minha desgraça, não, não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco.

Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro
Eu sei..O mundo é um grande lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera) é o dinheiro...

Minha desgraça, ó cândida donzela
O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter para escrever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.


(Álvares de Azevedo)

EIS A POESIA (8)

VERSOS NEGROS

Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...

O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.

(...)
(Castro Alves)

EIS A POESIA (9)

AULA DE PORTUGUÊS

A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas da minha ignorância.

Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

(Carlos Drummond de Andrade)

EIS AQUI A POESIA (10)

ILUSÕES DA VIDA

Quem passou pela vida em brancas nuvens
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu;
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.

(Francisco Otaviano / 1825-1889)