quarta-feira, 1 de julho de 2009

EIS A POESIA (7)

MINHA DESGRAÇA

Minha desgraça, não, não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco.

Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro
Eu sei..O mundo é um grande lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera) é o dinheiro...

Minha desgraça, ó cândida donzela
O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter para escrever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.


(Álvares de Azevedo)

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