terça-feira, 13 de maio de 2008

CARTA À SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO




Vitória, 01 de novembro de 2007.


À Secretaria de Educação do Estado do Espírito Santo,



Prezado Senhor Secretário de Educação Haroldo Correa,

Eu, David Bellmond, professor do ensino médio na da rede pública de ensino do Estado do Espírito Santo, venho expressar minha indignação com alguns “avanços” anunciados pela Secretaria Estadual de Educação do Estado do Espírito Santo. Os meios de comunicação e a direção da escola onde leciono têm anunciado que todas as escolas da Grande Vitória receberão televisão digital nas próximas semanas. Se o objetivo dessa empreitada é melhorar a qualidade de educação dos nossos estudantes por que não investir primeiro em material mais simples para a sala de aula? Não sei se é do conhecimento do Senhor, mas meus alunos do ensino médio não possuem sequer livro didático para acompanhar as aulas. O livro deixou de ser uma das ferramentas mais importantes para a evolução do aprendizado do aluno? Nós, professores, temos uma grade curricular a seguir na intenção de tornar o aluno da rede pública tão competitivo quanto aquele da escola particular, porém como poderemos cumprir nosso nobre objetivo se o material mais rudimentar necessário à sala de aula nos falta ou existe em situação precária?
Faltam-nos livro didático, quadros decentes para registrarmos conteúdo uma vez que não temos o precioso livro didático ou paradidático. Biblioteca então é coisa de sonho. Não temos sequer marcador de quadro para escrevermos qualquer coisa referente ao assunto abordado em aula. Professor que se interessa com o aprendizado do seu aluno precisa comprar seu próprio material a ser usado em aula. Se a intenção dessa Secretaria é realmente investir na melhoria do ensino público, como tem sido pregado na mídia e nas reuniões de professores, o mais óbvio a se fazer é prover alunos e professores com suas ferramentas mais simples. Depois que a grande soma destinada à educação puder consertar essa falha tão peculiar às escolas públicas e, não poderia me esquecer disso, continuar valorizando o professorado financeiramente a fim de que tenhamos educadores satisfeitos com sua labuta, poderemos então pensar no grande investimento destinado à tecnologia de primeiro mundo que se intenta implantar nas nossas escolas.
Confio, sobretudo, na ação dos educadores, no envolvimento da sociedade e na capacidade de discernimento do Senhor Secretário realmente mudarmos o quadro negativo de resultados apresentados por nossos alunos nas avaliações como Prova Brasil, ENEM ou PISA.

Atenciosamente,

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David Bellmond




P.S:

"A gente não quer só comida.
A gente quer comida, diversão e arte.
A gente não quer só saída.
A gente quer saída para qualquer parte."


(Arnaldo Antunes)

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